Aluno de licenciatura em Economia no ISEG, 3ºano; Membro do ISEG Business Club
Numa altura em que a tecnologia de 5ª geração assume alguns contornos dúbios, aquilo que se sabe é que o 5G, considerado por muitos a possível maior revolução tecnológica de todos os tempos, permitirá uma maior e melhor velocidade e capacidade de circulação de dados em rede, assim como conexões de baixa latência e mais fiáveis. Deste modo, trará um elevado potencial para acrescentar valor aos diversos setores da economia, uma vez que, segundo vários estudos, esta inovação tecnológica poderá gerar cerca de 3,5 triliões de dólares e criar 22 milhões de postos de trabalho em todo o mundo. Além disso, terá vantagens ao nível da sustentabilidade, segurança, sobretudo no trabalho, e competitividade. Ora, esta conjugação de fatores constituirá um possível motor de crescimento económico futuro e uma alavancagem importante para a retoma desse crescimento no período pós-pandemia. No entanto, não só esta situação pandémica que estamos a viver, como também a “guerra” comercial entre os EUA e a China poderão ser pedras de alguma dimensão no caminho desse crescimento.
Apesar do 5G ter também um impacto significativo em nós usuários de serviços móveis, de telecomunicações e de Internet, e aumentar a nossa vulnerabilidade a perigos já existentes, esse impacto é diminuto quando comparado com o impacto nos vários setores de atividade económica, uma vez que os avanços tecnológicos serão aí mais evidentes, devido à maior e melhor eficiência, velocidade e capacidade das atividades nesses setores, promovidas pela introdução desta tecnologia de 5ª geração. Por exemplo, a capacidade de monotorização permanente e em tempo real e a maior e melhor capacidade de gestão de diversos equipamentos em conjunto são consequência dos avanços tecnológicos inerentes à introdução desta tecnologia, o que permite saltos tecnológicos importantes para os setores industrial e agropecuário. Dessa forma, a nova geração móvel consegue aumentar a segurança das atividades desses setores e, além disso, contribui para o aumento da competitividade dos mesmos, pois a redução dos custos e a progressiva automação geram aumentos de produtividade.
Por outro lado, no que toca ao tema da sustentabilidade, os desafios impostos pelos Governos, pela Comissão Europeia e pela ONU aos países para a redução das emissões de CO2, podem tornar-se mais fáceis de serem cumpridos devido ao 5G, na medida em que a atividade portuária, por exemplo, já assumiu como sua intenção incorporar esta tecnologia por forma a tornar a sua atividade menos poluente e mais eficiente. Sendo esta atividade tão importante para diversos países ao nível da abertura aos mercados internacionais, como Portugal por exemplo, o 5G surge mais uma vez com um papel crucial no desenvolvimento económico e ambiental dos demais países.
Do mesmo modo, o 5G terá também a capacidade de (re)estimular a atividade económica, pois nos mercados financeiros, nomeadamente nos mercados de capitais, esta tecnologia de 5ª geração irá permitir encurtar os prazos de liquidação entre os compradores e os vendedores nesses mercados, ou seja, permitirá ciclos de liquidação mais curtos, favoráveis ao desenvolvimento da atividade económica.
Contudo, nem tudo é um “mar de rosas” e a “guerra” comercial entre os EUA e a China tem contribuído para o atraso da implementação desta tecnologia, pois os EUA têm persuadido cada vez mais os países, sobretudo os europeus, a acreditar que esta tecnologia, alvo de um elevado investimento por parte da gigante chinesa Huawei, constitui uma séria ameaça para esses países, na medida em que esta tecnologia poderá ser um estrada favorável para a espionagem e sabotagem por parte da China. Por este motivo, tem-se vindo a assistir a uma divisão de posições em relação à tecnologia 5G, sendo esta uma das causas principais do seu atraso.