HARD VS SOFT SKILLS

Vasco Jordão

Licenciatura em Gestão e Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais no ISEG; Membro do ISEG Business Club

6 de novembro de 2020

No que diz respeito às work skills, estas são divididas em duas categorias, as hard skills e as soft skills. Estas são bastante distintas entre si. No entanto, têm uma característica em comum, são ambas indispensáveis no mercado de trabalho.

As hard skills correspondem às competências técnicas específicas de um determinado, posto, cargo, trabalho, e são exigidas para o exercer. Por exemplo, a um programador são exigidas determinadas competências técnicas, nomeadamente, saber programar em certas linguagens como Python, Java, entre outras. Estas competências podem ser obtidas através do ensino académico, de formações específicas, no trabalho, em estágios, etc.

Alguns exemplos de competências técnicas que são uma mais valia nos currículos de alunos da área das ciências económicas e da gestão:

  • Certificados de conhecimento da língua inglesa (First Certificate in English);
  • Certificados em certos softwares (SPSS);
  • Certificados em Excel Avançado;
  • Mestrado ou pós-graduação (na área Financeira, Recursos Humanos, Data Science, entre muitas outras áreas);
  • Etc.

Na minha perspetiva, o importante é que o estudante tente perceber quais as competências técnicas que podem fazer sentido para os seus percursos, académico e profissional. Deixo uma sugestão pessoal, procurar perfis, no LinkedIn, de pessoas que estejam em funções que ambicionem, de seguida consultar hard skills que demonstrem através de certificados, formações e experiências profissionais e por último, retirar algumas ideias que possam encaixar nos vossos interesses.

"As hard skills correspondem às competências técnicas específicas de um determinado, posto, cargo, trabalho, e são exigidas para o exercer. "

"O fundamental é perceber quais as lacunas enquanto futuro “produto” para o mercado de trabalho e encontrar alguma forma de trabalhar tais apetências. "

As soft skills são algo mais abrangente, no sentido em que podem ser utilizadas em várias funções profissionais e apreciadas por muitas áreas do mercado trabalho. Estas podem ser subdivididas em capacidades emocionais, comunicacionais, de trabalho em equipa e assim por diante. Para alguns essas skills são mais fáceis de obter, para outros não tanto. Contudo, se bem trabalhadas são facilmente atingíveis. O fundamental é perceber quais as lacunas enquanto futuro “produto” para o mercado de trabalho e encontrar alguma forma de trabalhar tais apetências. Existem inúmeras formas de o fazer, a título de exemplo, através de um part-time, estágios de verão e voluntariados. Se identificarem uma oportunidade onde o possam fazer, mesmo que não haja uma remuneração elevada, no caso de ser um part-time ou estágio, penso que deve ser tomado em consideração na vossa decisão o facto de poderem trabalhar essa lacuna. Algo que poderá ser muito útil no futuro profissional de cada um.

Apesar de hoje em dia ser dado muito ênfase às soft skills, em minha opinião ambas são fundamentais e não deve ser dada excessiva importância a uma só. Ambas devem ser alvo de reflexão e de trabalho por parte dos estudantes e dos profissionais ao longo das suas carreiras.

O meu percurso e experiência com ambas as skills

Desde cedo procurei trabalhar ambas. No fim do 1º ano de licenciatura, dado não existirem oportunidades mais apelativas, optei por trabalhos ditos “rudimentares”, nomeadamente, a apanha da pêra, trabalho característico da região oeste, e num restaurante. De seguida, consegui um part-time como assistente de eventos, em teatros como o CCB, Teatro Nacional de São Carlos e Teatro Camões. As últimas duas, melhoraram em muito as minhas capacidades comunicacionais, ao ter contacto constante com “público”. Foi também um boost na minha inteligência emocional, pois em ambas lidei com situações de alguma tensão e stress onde a serenidade e a frieza foram essenciais.

Já no final do 2º ano de licenciatura surgiu a oportunidade de integrar, durante o verão, a área comercial, numa sucursal de um banco português. Apesar das minhas intenções já estarem mais inclinadas para uma vertente mais técnica, visto que apenas surgiu esta oportunidade, decidi aceitar o desafio. Acabou por ser uma surpresa, porque ganhei uma noção sobre o setor bancário português que nunca teria sem uma experiência semelhante. Além de que desenvolvi as minhas capacidades de lidar com a pressão de resultados e de organização pessoal, pois o trabalho de back office exigia uma grande capacidade de organização e de gestão de tempo. Tais experiências serviram de argumento no processo de recrutamento de um programa de estágios de verão de uma grande multinacional portuguesa de distribuição e retalho alimentar. Aí realizei um estágio onde reforcei ambas as hard e soft skills, nomeadamente, a gestão de tempo, o inglês e as minhas competências em excel. Apesar de tudo o que referi anteriormente gostaria de destacar uma das soft skills, o trabalho em equipa. Foi algo necessário e transversal a todas as experiências que tive e acredito que continuará a ser ao longo do meu percurso profissional e académico.

"Já no final do 2º ano de licenciatura surgiu a oportunidade de integrar, durante o verão, a área comercial, numa sucursal de um banco português. Apesar das minhas intenções já estarem mais inclinadas para uma vertente mais técnica, visto que apenas surgiu esta oportunidade, decidi aceitar o desafio."

"Se não estiverem a desfrutar dessas experiências, não desistam, vão sempre aprender algo, nem que seja saber aquilo que não gostam."

Sugestões

Não vejam estas experiências como perdas de tempo ou como mal remuneradas. Muitas das vezes até são bem remuneradas e mesmo que não o sejam, são experiências que nunca mais terão oportunidade de ter. Encarem como um investimento em vocês que vos dará muitos, e bons, frutos a curto, médio e longo prazo. Se não estiverem a desfrutar dessas experiências, não desistam, vão sempre aprender algo, nem que seja saber aquilo que não gostam. Por último deixo vos com uma expressão muito utilizada no “Pitch Bootcamp”, que se enquadra na perfeição nas fases iniciais de contato com o mercado de trabalho e até na fase de entrada do mesmo, “Mais vale ser chato, do que ficar chateado.”