A Volatilidade do Mercado

Ana Godinho

Membro do Departamento Financeiro do IBC

17 de março de 2022

"A volatilidade dos mercados não é algo que possa ser previsto com exatidão."

A volatilidade dos mercados é um tema atual no mundo dos investimentos e é definida pela variação do preço de um ativo financeiro ao longo do tempo, e pode ser influenciada por diversos fatores, como notícias económicas, políticas, sociais e até mesmo eventos climáticos.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a volatilidade é uma característica natural dos mercados financeiros, isso significa que, por mais que os investidores tentem prever e controlar as oscilações dos preços, elas sempre estarão presentes. Afinal, os preços são formados a partir da interação entre oferta e procura, e ambos podem ser afetados por uma infinidade de variáveis.

Uma das principais consequências da instabilidade dos mercados é o risco de perda de capital. Quando um investidor compra um ativo financeiro, ele está a apostar que o preço vai subir no futuro, permitindo a venda do mesmo com lucro. No entanto, se o preço cai, o investidor pode acabar a perder dinheiro. Quanto maior a incerteza, maior é o risco de perda.

Por outro lado, a volatilidade também pode oferecer oportunidades de lucro para os investidores mais experientes, isto porque, em períodos de alta oscilação, os preços de certos investimentos podem variar com maior intensidade, abrindo espaço para negociações mais vantajosas, por exemplo, um investidor pode comprar um ativo a um preço relativamente baixo e vendê-lo quando o preço subir novamente, obtendo um lucro considerável. A volatilidade também é um indicador importante para os investidores que desejam avaliar o desempenho destes investimentos. Ativos com baixa volatilidade geralmente têm preços mais estáveis ao longo do tempo, o que pode ser uma vantagem para investidores conservadores, enquanto ativos com uma maior volatilidade podem oferecer retornos maiores, mas também podem ser mais ousados.

Outro aspeto importante, é que esta pode afetar a tomada de decisão de muitos investidores, pois em períodos de alta instabilidade, é comum que os investidores fiquem mais nervosos e incertos em relação aos seus investimentos, o que pode levá-los a tomar decisões precipitadas, como vender seus ativos em momentos de queda de preços, o que pode resultar em perdas ainda maiores.

Nos últimos anos, Portugal tem enfrentado desafios significativos na sua economia, incluindo altos níveis de dívida publica e desemprego, o que acaba por afetar a confiança dos investidores e, consequentemente a volatilidade dos mercados.


Além disso, a pandemia COVID-19 causou e continua a provocar grandes impactos na economia portuguesa e mundial, no entanto, as políticas governamentais e as medidas de estímulo económico adotadas podem ajudar a reduzir a instabilidade dos mercados e a apoiar a recuperação económica do país.

Em resumo, a volatilidade dos mercados é um aspeto importante a ser considerado pelos investidores, uma vez que ela pode afetar tanto o potencial de lucro quanto o risco de perda e é importante estar ciente dos fatores que podem influenciar a volatilidade e ter uma estratégia bem definida para a gerenciar. Isto inclui diversificar os investimentos em diferentes ativos financeiros, estabelecer limites para perdas e ganhos, e evitar decisões precipitadas baseadas em emoções.

Além disso, é importante estar sempre informado sobre as notícias e eventos que podem afetar o desempenho dos ativos financeiros nos quais se investe, como acompanhar indicadores económicos, como taxas de juros, inflação e crescimento do PIB, além de estar atento às políticas e decisões governamentais que possam impactar o mercado.

Por fim, vale destacar que a volatilidade dos mercados não é algo que possa ser previsto com exatidão e mesmo os analistas financeiros mais experientes têm dificuldade em prever quando e como os preços dos ativos vão oscilar. Por isso, é importante que os investidores estejam preparados para lidar com a volatilidade e tenham estratégias bem definidas para gerenciar os riscos.