Membro do Departamento R&D do IBC
Não está fácil a vida aqui na Terra. Enfrentamos desde 2020 uma pandemia que, tal e qual como um aspirador, nos sonegou a Liberdade. Quando tudo parecia estar a acalmar, eis que um tirano, um verdadeiro “filho da Putin”, decide espalhar medo, destruição e morte, relembrando-nos de que de um momento para o outro, podemos ter de lutar por tudo aquilo que todos os dias damos como garantido.
A terceira década do século XXI está a testar-nos em toda a linha, para ver até onde podemos/queremos/conseguimos ir, na defesa dos valores e d’aquilo em que acreditamos. Pois bem, para mim, caro leitor, o bem mais precioso que temos é a Liberdade. Essa mesmo.
A pandemia foi o primeiro teste. E Portugal, em parte, falhou. Falhou porque deixou que o medo tomasse conta das nossas vidas. Comprou a ideia do “É para sua proteção”, e deixámos de raciocinar como deve ser. Fecharam-se estradas, proibiram-se deslocações entre concelhos, enterram-se pessoas sem dar a oportunidade aos que cá ficaram de se despedirem uma última vez. Fecharam-nos em casa como se fôssemos criminosos. E qual foi a nossa resposta? Corrida ao papel higiénico, açambarcamento de outros bens, e um “Sim sr. Primeiro ministro. Ámen!”. Esta ideia de um governo “Pai”, super protetor, é perigosa. Bastante perigosa. O poder excessivo nas mãos de poucas pessoas (á luz do Estado de Emergência) pode conduzir a exageros que ponham em causa tudo o que conquistamos desde Abril de 74. É por isso para mim escandaloso, como é que aceitámos todas as medidas tão calmamente, tão serenamente. E não me interprete mal, muitas das medidas foram importantes no combate ao vírus. Mas a questão fundamental é que todos nós fomos tomados por crianças, na medida em que se nos portássemos bem, era-nos oferecido um brinquedo (em forma de liberdade, com algum alívio de restrições), e se nos portássemos mal, pois o castigo era quase instantâneo.
Talvez por sermos um país plantado à beira-mar, onde o sol brilha 365 dias por ano, tenhamos ficado um pouco preguiçosos. A moleza/apatia é um vírus antidemocrático e extremamente contagioso a outros setores. E nós temos de proteger a nossa Democracia. Veja-se o caso de alguns países/regiões que, aproveitando a pandemia, retiraram direitos aos seus povos e ainda hoje não os devolveram (China, Hong Kong, México).
É por isso importante refletir o papel que todos nós desempenhamos. Temos de ser uns verdadeiros fiscalizadores, sempre atentos a todo e qualquer abuso que possa acontecer por parte de que nos governa, porque a Liberdade é como um baralho cartas: demora muito a construir, mas rapidamente se desfaz.
A Guerra na Ucrânia trouxe de volta aquilo que muitos, como eu, ainda não tínhamos experienciado in loco, mas que os professores de História tantas vezes nos obrigaram a estudar. A morte, a destruição e o medo, de regresso à Europa. Mais um teste que temos de enfrentar.
Esta guerra é muito mais que Ucrânia contra Rússia ou NATO contra Rússia ou Zelensky contra Vladimir Putin. Esta é uma guerra de valores. É isso que está em causa. De um lado a Liberdade, a solidariedade, a integridade territorial, a autodeterminação e do outro lado a tirania, o totalitarismo em pessoa. Por isso, esta também é uma guerra que é nossa. Assumamos a nossa posição sem medos e receios. A Europa não se está a portar mal, de todo. Tem mostrado, salvo raras exceções, estar unida em torno de um objetivo muito claro: derrotar Vladimir Putin e defender os ideais europeístas e valores ocidentais. Mas tem sido insuficiente, pouquechinho portanto. Podemos e devemos fazer mais, no que toca aos embargos comerciais, ao petróleo russo, ao armamento que (não) damos à Ucrânia. É inacreditável como somos nós que pagamos a máquina de guerra russa.
Por falar em pagar. O preço dos combustíveis e de alguns bens de primeira necessidade tem visto o seu preço aumentar de dia para dia em consequência do conflito armado. Esta é talvez a principal ameaça à coesão na resposta uníssima que a Europa tem dado. Mas meus caros, há consequências e males que temos de aceitar se queremos defender aquele bem tão precioso a que damos o nome de Liberdade. Porque a Liberdade do Povo ucraniano também é a nossa Liberdade. E esta não tem preço.
Defender a Ucrânia é defender a democracia. É defender aqueles que, perante factos óbvios e que a todos nos chocam, parecem viver numa realidade alternativa. Ou aqueles que preferem dividir para reinar, apelando à estigmatização e ao ódio para com determinadas classes/comunidades. Porque essas pessoas, grupos e partidos, mesmo defendendo tais princípios, também têm direito à sua opinião. É também por eles que lutamos. E essa é a característica que melhor define a Democracia: Pertença. Todos cabem no regime democrático, mas, mais uma vez, cabe-nos a nós vigiá-lo, para que este não entre em coma, como aconteceu em Portugal, e como hoje ainda acontece em muitos países por esse Mundo fora.
Apesar de a termos tratado mal, a nossa Liberdade ainda cá está. E tão bom que é poder viver com ela por perto. Não a deixemos fugir. Em circunstância alguma. E lutemos para que todos os povos possam ter a oportunidade de um dia poder também viver com ela. Porque não melhor casamento possível. Saibamos cuidá-la.
Obrigado Liberdade. Só gosto de ti…