A fórmula para o sucesso financeiro

Jaques Miguel Rico

Aluno de Licenciatura em Gestão
Equity Research Analyst at LIS

1 de abril de 2022

A fórmula para o sucesso financeiro por ele [Professor Dick Verrone) desenvolvida [consiste em] – “Savings + Aggressive tax-deferred growth + Time = Wealth”.

Em 1750, Jean-Jacques Rousseau apresentou a teoria de que o dinheiro não compra felicidade. Contudo, as pessoas tendem a associar dinheiro como forma de acesso a um estilo de vida superior e com um maior grau de flexibilidade financeira, praticamente como um recurso de mobilidade social.

De acordo com o Professor Dick Verrone, os objetivos financeiros de um indivíduo podem ser alcançados se, ao longo da sua vida, ele tiver em mente. A fórmula para o sucesso financeiro por ele desenvolvida – Savings + Aggressive tax-deferred growth + Time = Wealth. Em segundo plano, ele defende também que planear não irá garantir sucesso, mas a falta de orientação e controlo tenderá a ser fatal.

Savings é a primeira etapa desta fórmula, e provavelmente a mais intuitiva. Para suceder neste passo, o aspeto mais importante é formular um budget pessoal que permita planear onde serão alocados os rendimentos. Contudo, para se desenvolver um budget realista, é necessário determinar os objetivos financeiros do indivíduo, realizar uma análise dos seus cash flows e determinar a sua net worth.

Objetivos financeiros irão diferir de pessoa para pessoa, mas uma situação de hemorragia financeira não é desejada por ninguém. Por isso, a curto prazo, alguns objetivos deverão ser transversais – 3 a 6 meses de despesa sob a forma de dinheiro, evitar utilização de cartões de crédito e dos seus respetivos juros, bem como ter sempre um nível de despesa inferior ao dos rendimentos. No longo prazo, o principal objetivo deverá ser o planeamento da fase de reforma, para que tal decorra de forma confortável e sem ter de se depender de fontes de rendimento como segurança social, heranças ou jogos sociais.

Para tal, é necessário realizar uma análise dos cash flows para compreender quais são as fontes de rendimento, quanto é que provém delas, e onde é que estão a ser alocadas. Depois disso, é necessário verificar quais despesas são fixas ou não têm flexibilidade e quais são facilmente modificadas e não essenciais. Isso permitirá formular planos financeiros ajustados ao indivíduo e que vão de acordo aos seus objetivos.

Finalmente, o indivíduo deverá analisar a sua net worth – diferença entre ativos e obrigações. Podendo assim compreender a sua situação atual, e de quanta flexibilidade é que ele tem dispõe. A comparação periódica deste número permitirá também compreender a evolução do progresso financeiro.

A segunda variável é o fator mais técnico da fórmula – Aggressive tax-deferred growth.

Neste parâmetro dever-se-á começar por se analisar a tolerância ao risco do investidor e, baseado em fatores como idade, nível de rendimentos, net worth atual e objetivos ambicionados, determinar a relação risco/recompensa adequada e o tipo de instrumentos financeiros a utilizar.

Seguidamente, esta teoria foca-se no aspeto tax-deferred. Segundo a perspetiva do Professor Verrone, esta estratégia deverá ser utilizada com o objetivo de adiar o máximo possível pagamentos a efetuar e deixar para segundo plano programas de investimento que possuam vantagens como tax-free earnings (como Roth 401-k or Roth IRA). Contudo, e como em quase tudo na vida, é necessário ter em consideração o contexto. Ambos os planos têm as suas vantagens e o investidor deverá analisar o seu cenário financeiro, considerando a sua tax-bracket atual e futura (à data do levantamento), para determinar qual plano mais se adequa a si e que trará menos encargos.

A última parte deste segmento é o fator growth. O conselho do Professor Verrone foca-se em não tentar prever o mercado. Para tal, ele aconselha alocar o investimento em Mutual Funds. Ao usar este instrumento financeiro, o investidor está a escolher um programa que lhe confere diversificação imediata, um programa automático de reinvestimento de ganhos de capital e dividendos, a possibilidade de liquidar a posição, bem como o contributo de gestores de portfolio profissionais. Dessa forma, apesar de continuar sujeito ao risco de mercado, o investidor não se expõe perante risco não sistemático. Ainda dentro deste ponto, o Professor Verrone aconselha uma estratégia de DCA (Dollar-cost averaging) pois além de funcionar como um metódo de poupança – sujeitando o investidor a alocar um determinado montante a cada período de tempo – este método tente a suceder dado que no longo prazo os preços tendem a subir.

Por fim, tem-se o fator Time. Esta variável é por vezes subvalorizada, mas a sua influência é tremenda, especialmente considerando juro composto, como pode ser observado no exemplo seguinte:

No gráfico acima, é possível perceber que o valor final do investimento teve um acréscimo exponencial dado em grande parte pelos juros gerados por juros auferidos em períodos prévios.

Por sua vez, para analisar a adição do fator tempo ao juro composto, consideremos os seguintes cenários assumindo uma taxa de juro de 8% capitalizada anualmente:

Neste exemplo, apesar de a Karen ter investido menos $15,000 que o Brian, acabou por ver as suas poupanças ultrapassarem em $78,481 as do Brian devido ao fator tempo.

Contudo, há fatores que se encontram excluídos desta fórmula e acabam por ser assumidos, fatores estes que não permitem a universalidade da fórmula: pressupõe-se que uma pessoa consegue poupar uma garantia considerável de dinheiro, não é profundamente tido em conta escolhas passadas e possíveis níveis elevados de dívida, considera-se que o indivíduo tem algum conhecimento de instrumentos financeiros, e não tem em consideração a situação atual do indivíduo e o custo de oportunidade em que ele se estaria a sujeitar.

Em suma, a fórmula analisada provou ser bastante útil para analisar o desenvolvimento de finanças atuais, se bem geridas e considerando o fator tempo. Apesar de a fórmula acabar por ser incompleta por si só, é um bom começo para alguém que pretenda ter um melhor controlo das suas finanças e que pretenda construir um processo com vista à concretização de objetivos futuros.