Consequências Económicas da guerra na Ucrânia

Ana Rosa Casanova

Aluna de licenciatura de Economia no ISEG

11 de março de 2022

“Este cenário pode levar os bancos centrais de todo o mundo a aumentar juros de forma mais rápida, numa tentativa de conter uma escalada inflacionária”.

  Nas últimas semanas, desde dia 24 de fevereiro de 2022, temos sido “bombardeados” com informação sobre a guerra na Ucrânia. Mas a derradeira questão que vos trago não é o porque desta guerra, mas sim as suas consequências económicas para a Rússia e para o resto do mundo, após uma crise provocada pelo Covid-19.

 No dia 24, as oito horas da manhã, a banca de Moscovo suspendeu temporariamente todas as negociações assim como a Banca de San Petersburgo. Como era de esperar, houve um impacto no mercado financeiro mundial.

Para agravar à situação foram impostas sanções pela União Europeia aliada aos Estados Unidos da América como: Proibição de realização de transações com o Banco Central Russo; A proibição de sobrevoo do espaço aérea da EU e de acesso aos aeroportos da EU por transportadoras aéreas russas de todos os tipos; etc.

Estas medidas levaram a que o rublo, moeda russa, sofresse uma queda abrupta. A 1 de março de 2022, a cotação euro-rublo é de 111,33 rublos, ou seja, com 1 euro é possível comprar 111,33 rublos. Há duas semanas, a 22 de fevereiro de 2022, esta cotação era de 89,27, ou seja, com 1 euro era possível comprar 89,27 rublos. O mesmo acontece com o dólar, embora em proporções menores, mas igualmente relevantes. A resposta do BCR foi a subida da taxa de juro de referência de 9,5% para 20%, com o objetivo de garantir que o aumento das taxas de depósito compense os riscos de depreciação e inflação.

Com todo este panorama houve uma corrida aos bancos para levantamento dos depósitos, devido à desvalorização do rublo, que fez com que as reservas diminuíssem e a falência do banco Sberbank Europe seja agora visível.

Porém, por enquanto, apesar de todas as sanções aplicadas à Rússia, a Europa não deixou de importar gás natural, uma exportação russa que representa grande percentagem das suas receitas. Isto porque, alguns países da Europa estão muito dependentes do gás russo, como é o caso da Alemanha, que compra à Rússia aproximadamente dois terços do gás natural que consome, e da República Checa e Letónia que são totalmente dependentes de gás vindo deste país. Não esquecendo que foram impostas medidas para a redução de combustíveis carbónicos e por isso, esta situação pode levar à brevidade da implementação de energias renováveis, não sendo este o tema central, é um aspeto importante.

Em relação ao resto do mundo e como pode vir a sofrer com toda esta situação, os analistas avaliam que neste momento ainda não há recessão a nível mundial. Mas acreditam que as retaliações econômicas à invasão da Ucrânia por Vladimir Putin devem ter consequências negativas aos próprios países da UE e EUA e à economia global como um todo, afirmam que “Este cenário pode levar os bancos centrais de todo o mundo a aumentar juros de forma mais rápida, numa tentativa de conter uma escalada inflacionária”. Com mais juros, a economia global tende a crescer menos do que os 4% a 4,5% anteriormente esperados por organismos internacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Banir os bancos russos do sistema de transferências internacionais Swift pode ter efeitos colaterais para empresas e instituições financeiras que têm dinheiro a receber de contrapartes russas. Os efeitos da guerra vão exacerbar justamente o ponto mais vulnerável da economia global pós-Covid: a inflação dos preços de alimentos e energia.

 Em relação à Rússia, a verdade é que utilizou os últimos anos para criar riqueza e reserva monetária com vista a estar preparada para a pressão ocidental que algum dia poderia vir a sentir. Acumularam 500 mil milhões de dólares em reservas internacionais, detendo assim a quarta maior reserva do mundo, que irá permitir que o governo russo sustente o valor da sua moeda sem estar suscetível a qualquer tipo de pressão económica. Contudo, até que ponto é que a sua economia se vai manter com a saída das empresas, com a falta de bens essenciais que são produzidos noutros países, com o desemprego a aumentar, entre outras.