Várias são as razões que poderiam justificar a escolha da palavra “novela”. Tal como em quase todas as novelas, há momentos de paixão, desconfiança, drama, traição ou até tragédias como mortes. Curiosamente, ou não, as negociações para o Orçamento de Estado (OE) 2022 (tal como as anteriores) foram especialmente férteis nestes momentos dignos de um bom filme de suspense. Apesar do texto querer retratar uma análise económica da Proposta de OE2022, importa relembrar o contexto político em que as negociações ocorreram. Depois do OE2019, o atual executivo viu o apoio dos partidos da “Geringonça” desvanecer-se. Em 2020, o BE opôs-se à Proposta de OE2020. Em 2021, o BE voltou à mesa das negociações. Porém, no final, só sobrava PS e PAN. BE, PEV e PCP tinham votado contra. Foi este clima de tensão e incerteza que pautou as negociações. Como sabem, o OE, é um instrumento de gestão onde são apresentadas as previsões de receita e despesa do Estado, bem como as consequências que essas previsões têm na economia. Como tal, e sendo o OE limitado, é necessário fazer escolhas. E, quando escolhemos, temos custos de oportunidade associados à escolha de algo em detrimento de outra solução. Parece-nos, portanto, que o custo de fazer passar na generalidade Proposta de OE2022 seria maior para os partidos anteriormente referidos, do que o custo de vermos a proposta chumbada e de irmos a eleições antecipadas. Só em janeiro de 2022 é que perceberemos se essas conclusões estarão ou não corretas. Até lá, importa falar sobre a Proposta OE2022, não só pelo exercício crítico inerente, próprio dos alunos do ISEG, mas também porque, de acordo com as atuais sondagens, e caso estas se venham a concretizar, dificilmente teremos um futuro OE muito diferente daquele que foi já apresentado e chumbado.