Aluna de Mestrado de GSI; Membro do ISEG Business Club
Professor Associado do ISEG
Nos últimos anos, a Transformação Digital acelerou, fruto da adoção crescente de formatos mais híbridos como a Cloud que funciona como um catalisador de inovações e um motor de novas ondas de progresso. Por outro lado, a crescente disponibilidade de plataformas tecnológicas com presença global acelerou também uma criatividade local, criando um conjunto de novos profissionais e de novas áreas de negócios que não eram conhecidos e se tornam rapidamente reconhecidos.
Em Portugal, em particular, os investimentos realizados no roll-out da Fibra Ótica, e os investimentos realizados no 4G contribuem para a resiliência das redes nestes anos. Simultaneamente, a existência e a disponibilidade de plataformas comuns de pagamentos, como por exemplo a da SIBS, facilitou alguns novos serviços em contexto nacional. Ou ainda, a Via Verde e o seu alargamento para pagamentos convenientes em contexto dos parques citadinos. Do mesmo modo, a rápida adoção dos tarifários pré-pagos permitiu um acelerado crescimento da indústria nacional das telecomunicações e exportação de serviços. Em todos os casos, o talento nacional representou um fator crítico no seu desenvolvimento e permitiu a muitos jovens licenciados, uma exposição a outros mercados com dinâmicas e performances distintas.
Sob o ponto de vista global, o caso da Netflix constitui um exemplo no universo de streaming que passou a ser também uma referência na produção de conteúdos. Neste sentido, uma das vantagens competitivas que a Netflix recorre é ao seu motor de recomendação que inclui novas séries, filmes ou documentários, onde se adota ferramentas de Machine Learning, na tentativa de modelar as preferências e os perfis dos utilizadores. O recurso a linguagem natural tem como objetivo principal localizar conteúdos de forma a facilitar o seu acesso e a sua usabilidade em contexto nacional. Os motores de recomendação baseiam-se também nas preferências locais e na sua comparabilidade com outros utilizadores com perfis idênticos e semelhantes. Por outro lado, a Netflix, tal como outras plataformas de disponibilização de conteúdos, tem sido precursora na gestão da privacidade dos dados e do seu acesso em contexto familiar.
A Spotify, um caso com origem no mercado europeu, ainda anterior à implementação do regime geral de proteção de dados em 2018, tem desenvolvido um conjunto de serviços inovadores, muito apelativos e num contexto crescente de maior mobilidade no consumo destes serviços (via smartphone, tablet, entre outros dispositivos móveis). Os novos formatos de consumo destes serviços e conteúdos (anywhere, any device) em formato móvel e remoto, é facilitado pelo facto dos seus serviços crescerem naturalmente na Cloud. Estes novos formatos de consumo e estas novas interações têm vindo a redefinir a colaboração e também a subscrição de serviços de entretenimento de forma mais conveniente.
Uma crescente adoção da Cloud em contexto global e nacional, fez crescer a procura por jovens portugueses que reúnem uma sólida formação, com uma grande curiosidade e uma natural criatividade. A sua propensão para trabalhar e empreender em contextos internacionais facilita em outras geografias, como em organizações e empresas nacionais com um percurso mais global. A certificação dos saberes ocorre em contexto de projeto, o que constitui uma vantagem futura.
Com a eventualidade da automatização de muitos dos processos e tarefas de índole mais repetitiva, alguns autores e instituições (como por exemplo o World Economic Forum, WEF), têm salientado o tema do “Futuro do trabalho” e as suas implicações no redesenho das capacidades e competências cognitivas. Assim, muitos defendem a necessidade e o esforço de upskilling e reskilling, relevando a importância da criatividade humana no futuro do trabalho mais humano. Simultaneamente, existe também a necessidade de aprofundar as competências na área da Ciência dos Dados, que tem merecido um crescente e merecido enfoque por parte de muitas organizações nos dias de hoje.