Empreendedorismo - Será que vale a pena arriscar agora?

Dário Carrasquinho

Product Manager at Build Up Labs – Startup studio & Alumni ISEG Business Club

12 de março de 2021

Quase toda a gente já teve uma ideia de negócio antes, mas são poucos os que realmente acabaram por avançar com essa ideia e fazer acontecer. Há muitas razões que podem explicar o porquê das pessoas não começarem os seus próprios projetos/negócios, por exemplo o medo de falhar, a aversão ao risco ou a preferência de trabalhar num ambiente que seja mais “estável”.
Felizmente, ainda existem pessoas que arriscam.

Quase toda a gente já teve uma ideia de negócio antes, mas são poucos os que realmente acabaram por avançar com essa ideia e fazer acontecer.

E algumas arriscam por necessidade, se olharmos para o exemplo do Richard Branson, fundador do grupo Virgin e autor de diversos livros, facilmente percebemos isso.

“I wanted to be an editor or a journalist, I wasn’t really interested in being an entrepreneur, but I soon found I had to become an entrepreneur in order to keep my magazine going.” Richard Branson

A necessidade de manter uma revista acabou por criar um grupo de empresas que gera valor para a sociedade e que atualmente emprega cerca de 70 mil pessoas.

A necessidade de manter uma revista acabou por criar um grupo de empresas que gera valor para a sociedade e que atualmente emprega cerca de 70 mil pessoas.

Mas na conjuntura em que vivemos atualmente, será que vale a pena arriscar?

Mas na conjuntura em que vivemos atualmente, será que vale a pena arriscar?

De acordo com o estudo “The Economic Future Just Happened”, publicado em 2009 pela Ewing Marion Kauffman Foundation, cerca de 57% das empresas Fortune 500 foram fundadas durante uma recessão ou “bear market”.

57% é um número bastante interessante se pensarmos um pouco. Grande parte destas empresas foram criadas durante períodos económicos bastante difíceis em que maior parte das oportunidades que existem hoje em dia não existiam.

Vivemos num mundo digital, as barreiras à entrada são bastante baixas e as oportunidades são inúmeras e diversas. A verdade é que este “novo normal” trouxe novos problemas que precisam de ser resolvidos, pelo que novas oportunidades e modelos de negócio irão surgir para servir uma nova procura. Portanto parece-me que não será assim tão má altura para arriscar.

Podemos pegar no exemplo da Uber e do AirBnb que foram fundadas durante a crise económica de 2008 em resposta à nova dinâmica do mercado.

E na atual conjuntura, com grande parte da população a trabalhar de casa e com o “lay off” que existiu devido à diminuição da procura, o acesso a pessoas e a talento é maior do que nunca. Certamente será mais díficil de angariar investimento (se for esse o caso) mas não será de todo impossível. Quem estiver a tentar resolver problemas valiosos, irá continuar a levantar capital e um exemplo disso é o português, Diogo Mónica, que levantou 80 milhões de dólares no inicio deste ano para construir o primeiro banco de criptomoedas do mundo e que já obteve aprovação federal.

Não deixemos que a conversa do “novo normal” se torne um entrave para arriscarmos.

Na minha opinião e como diria Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Vale a pena arriscar se acreditarmos no que estamos a fazer e tivermos capacidade de suportar as consequências das nossas ações. É certo que vamos falhar algures, mas vamos sempre retirar algo positivo, nem que sejam uma aprendizagem. E vamos falhar melhor da próxima vez.

Não deixemos que a conversa do “novo normal” se torne um entrave para arriscarmos.

Cerca de 57% das empresas Fortune 500 foram fundadas durante uma recessão ou “bear market”.