Licenciatura em Economia e aluna de MiM no ISEG; Membro do ISEG Business Club
As personalidades encontram-se sob distintas formas.
Introvertidos ou extrovertidos? Será que os extrovertidos são mais bem-sucedidos do que os introvertidos? Será que os extrovertidos são mais felizes do que os introvertidos? Não. E porquê?
Hoje em dia é muito habitual sermos confrontados com estas duas realidades e temos obrigatoriamente de nos encaixar numa delas consoante as nossas atitudes e maneiras de estar. Por um lado, se tens “jeito” para comunicar e gostas de ir a eventos sociais és conhecido como o extrovertido. Por outro lado, se gostas mais de estar sozinho e em ambientes mais calmos és conhecido como o introvertido. Estes últimos são emocionalmente muito menos expressivos mesmo que isso não invalide que “experienciem internamente emoções consonantes com as circunstâncias.”
Não, isso não é verdade. O que acontece muitas vezes é confundir a personalidade de uma pessoa e o seu estado emocional, “a introversão tende a ser conotada negativamente e, até mesmo, erroneamente confundida com quadros clínicos como o da fobia social”, Rita Fonseca de Castro. Na ótica da sociedade pensa-se que uma pessoa extrovertida é mais bem-sucedida e feliz, mas isto não é necessariamente verdade. O que acontece é que os chamados extrovertidos tendem a demonstrar as suas emoções de uma forma mais excessiva, e muitas vezes aparentam estar mais felizes do que aquilo que realmente estão. “Se considerarmos que as principais variáveis que contribuem para a felicidade parecem ser a existência de uma rede social de suporte, a auto-aceitação e a aquisição de um sentido e significado para a vida, tanto pessoas introvertidas como extrovertidas podem apresentar estas características.”
Desde cedo a sociedade é obrigada a frequentar ambientes idealizados principalmente para extrovertidos, como as escolas e áreas de trabalho, em que o objetivo é criar estímulos e interações. Para os extrovertidos, este tipo de ambientes é uma fonte de energia já que estes necessitam de estímulos externos para se sentirem realizados, como o convívio e a comunicação com outras pessoas. De outro modo, para os introvertidos, isto pode ser entendido como uma remoção de energia ou algo que executam com bastante dificuldade, uma vez que se sentem mais confortáveis em ambientes mais comedidos, “alguém que seja introvertido pode ver no contacto social algo que lhe retira energia, ou que lhe exige bastante esforço. Deste modo, são pessoas que encontram mais conforto e satisfação quando podem trabalhar sozinhas”.
No modelo de trabalho atualmente, as secretárias estão organizadas de maneira a que todos os trabalhadores possam interagir entre si rapidamente, isto é, estão organizadas em modo open space. Mas e os introvertidos? “Sujeitar um introvertido a trabalhar num open space é como pedir a alguém que escreva com a mão contrária àquela com que escreve naturalmente”. Ou seja, a calma e solitude essenciais na eficácia do trabalho de um introvertido está a ser arruinada. Estes tipos de espaços são elaborados para pessoas extrovertidas que preferem trabalhar num ambiente de troca de ideias e pensamentos, mas uma pessoa introvertida pode vê-lo como um obstáculo ao seu trabalho e concentração, “somos incentivados a nos comportarmos de forma mais extrovertida, com a promessa de que isso nos trará melhores resultados. O que nem sempre é válido. Importa reforçar que ambos os perfis são interessantes e úteis numa equipa de trabalho.”
Existem vários fatores que demonstram que as pessoas introvertidas adicionam valor num ambiente de trabalho. São excelentes pensadores criativos. Muitas vezes não são aqueles que numa reunião recomendam ou opinam, mas distinguem-se quando é necessário resumir conhecimentos e dar lugar a soluções inovadoras. Por outro lado, têm uma grande capacidade de criar relacionamentos individuais. E, finalmente, são líderes formidáveis, pois têm uma grande aptidão para ouvir os outros e perceber as suas necessidades.
Escrevi este artigo com o intuito de mostrar que os extrovertidos não são mais bem-sucedidos do que os introvertidos. Nas entrevistas de emprego não temos de dizer sempre que somos bons oradores, não temos de demonstrar que somos capazes de falar para um público com 200 espectadores. Não temos. O que temos é de aprender que somos diferentes e que cada um contribui com o seu valor à sua maneira. O mundo não pode ter apenas lugar para os extrovertidos.