Durante o primeiro semestre, sempre que ia à faculdade deparava-me com um cartaz da McKinsey nas paredes a anunciar um prémio: Next Generation Women Leaders 2020”. Inicialmente, não sabia do que se tratava, mas não demorei a ficar interessada e ir descobrir mais sobre ele (ser curiosa sempre foi uma das minhas principais características). O prémio era uma bolsa de estudos desenhada para ajudar, reconhecer e apoiar jovens alunas que ambicionavam maximizar o seu potencial. No entanto, e acredito que não sou a única, achamos sempre que as coisas boas só acontecem aos outros e foi por isso que não me inscrevi: uma jovem finalista, de 20 anos, nunca ia ganhar um prémio a nível nacional, pensava eu.
Posso dizer que tive a sorte de ter pessoas à minha volta que sempre acreditaram mais no meu potencial do que aquele que eu própria reconhecia, motivando-me a arriscar. Foi por isso que, no último dia de candidaturas, me decidi inscrever neste prémio oferecido pela McKinsey.
Passado algum tempo, recebi a notícia que o meu currículo estava entre os 6 que se tinham destacado no meio de mais de 100 candidaturas e fui convidada a dirigir-me à empresa onde tive uma entrevista para falar sobre mim e sobre o meu percurso. Posso acrescentar que, até este momento, a maior dificuldade de todo este processo estava numa palavra: “leader”. Até que ponto é que já foste alguma vez líder na tua vida? Quais as características de liderança que tens que te destacam das outras candidatas? Estas foram perguntas que me fizeram com frequência durante a minha candidatura e acreditem, encontrar respostas não foi nada fácil, mas com o decorrer do processo elas foram surgindo! Digo isto pois é simples olharmos para os outros e identificarmos os seus valores. O desafio surge no momento em que somos chamados a olhar para nós próprios e a mostrar a nossa verdadeira essência a quem nos conhece apenas por uma folha A4 a que damos o nome de CV.
A verdade é que não existem respostas certas ou erradas, existe apenas uma oportunidade onde nos dão abertura para mostrarmos aquilo que somos e porque é que assim somos. Sim, porque o que somos hoje deve-se às escolhas que tomamos no passado, aos desafios que enfrentamos, às experiências por que passamos e que, por isso, merecem ser partilhadas nos CV ́s, nas entrevistas e sempre que houver oportunidade. Assim, a minha principal dica para candidaturas como esta ou outras é que sejam o mais honestos e autênticos possível, sejam apenas vocês próprios a tentar chegar mais longe e a lutar por aquilo que querem.
Lembro-me perfeitamente do dia em que recebi a resposta final do prémio. Não tive coragem de a abrir e pedi aos meus amigos que lessem primeiro que eu. Para eles, que sempre acreditaram em mim, não foi uma novidade, mas sem dúvida que não podiam ter ficado mais orgulhosos e com toda a certeza que desde esse dia que eu própria valorizo mais as minhas capacidades.
Ganhar este prémio, ver que as pessoas que me rodeiam acreditam em mim e ver que a própria McKinsey reconheceu o meu talento, marcou a minha vida da melhor forma. Mais do que me permitir pensar em mim, ser a “Women Leader de Portugal” motivou-me a inscrever num mestrado e colocou os meus objetivos de vida bem altos. Para além disso, esta experiência proporcionou-me a oportunidade de conhecer não só as restantes candidatas portuguesas e o seu percurso, como as histórias das candidatas de outros países com realidades tão diferentes da minha.
Esta é sem dúvida uma excelente iniciativa por parte da McKinsey, que marca o percurso académico de qualquer estudante, independentemente de se vencer mais ou menos. Acredito que nunca se perde, porque aprendemos e crescemos sempre, só precisamos de tentar, porque como me diziam há uns meses atrás: “Se nunca tentares, nunca vais conseguir.”